Boris Hermanson é advogado e é funcionários do SEBRAE. Seu blog traz informações e dicas muito interessantes para quem tem ou pensa em ter uma micro ou pequena empresa. Um de seus posts, que colocamos aqui, fala sobre como administrar os riscos de um novo empreendimento. Para acompanhar o blog do Boris acesse http://borishermanson.wordpress.com/

Abrir um novo negócio é uma iniciativa que envolve riscos. Para muitos risco é algo a ser evitado, porém no mundo empresarial isto nem sempre é possível, de modo que o empreendedor deve aprender a conviver com eles.

Bem, se não é possível eliminar os riscos, o que pode ser feito?

Veremos neste artigo algumas técnicas de como lidar com riscos de maneira controlada, começando com a sua identificação.

Identificação dos riscos:

Para que possamos administrar os riscos de um empreendimento, o primeiro passo é identificá-los. Para isto é necessário o mapeamento da atividade que o empreendedor irá desenvolver, concentrando-se nos possíveis riscos existentes em cada etapa.

Podemos citar pelo menos 4 tipos de riscos com os quais o empreendedor deverá lidar no seu futuro negócio, a saber:

1- Riscos inerentes ao próprio negócio, ou seja, aquele que faz parte do exercício normal de uma determinada atividade. Por exemplo, numa empresa cuja atividade seja o transporte de cargas perigosas, o risco de acidentes é inerente;

2- Riscos envolvendo fornecedores. Um exemplo desse tipo de risco são os possíveis atrasos na entrega das mercadorias adquiridas;

3- Riscos envolvendo consumidores, cujo melhor exemplo é a inadimplência;

4- Riscos apresentados pelos concorrentes, tais como menores preços e melhores condições de pagamento que estes possam oferecer aos consumidores.

Bem, uma vez mapeado os riscos é hora de elaborar as estratégias para lidar com eles.

Traçando estratégias para redução dos riscos:

Uma vez identificados os riscos do futuro empreendimento, caberá ao empreendedor elaborar, no seu planejamento, as estratégias para enfrentá-los a fim de reduzi-los.

No caso dos riscos do tipo 1, uma forma de reduzi-los seria investir no treinamento dos seus funcionários e também contratar algum tipo de seguro que ajude a cobrir eventuais prejuízos causados por acidentes.

Em se tratando de riscos do tipo 2, uma solução possível seria a elaboração de contratos escritos que regulamentem os direitos e obrigações de cada um, estabelecendo multas que possam pelo menos reduzir os prejuízos em caso de descumprimento desse contrato.

Quando tratarmos de riscos do tipo 3, a criação de mecanismos de analise de crédito para operações a prazo com seus consumidores poderá diminuir o problema.

E em relação aos riscos do tipo 4, o empreendedor deverá manter-se atento às técnicas e planos de marketing que possam neutralizar as ações de seus concorrentes.

Tenha sempre um plano B:

Por fim, aconselhamos que empreendedor tenha sempre uma reserva disponível para utilização em tempos de crise ou em caso de surgimento de dificuldades inesperadas, ou seja, tenha sempre um plano B.

Com estas orientações esperamos que os empreendedores possam enfrentar com maior tranquilidade os riscos que certamente surgirão em seu novo negócio.

Fonte: Technology Ventures – From Idea to Enterprise, Drof C. R. e Byers H. T.

Este é o 31 artigo da série Criando EBTs de Sucesso. É o primeiro texto do módulo VI – Risco, Retorno e Projeto do Produto  – seção I e foi extraído do livro Technology Ventures – From Idea to Enterprise

Seção I – Aborda o início de uma EBT alinhada com pontos vitais para o sucesso
Módulo VI – Risco, Retorno e Projeto do Produto

Um novo empreendimento que cria uma solução nova para um problema estará sujeito à incerteza dos resultados. Uma ação em um mercado incerto, seguramente estará sujeita a riscos de atrasos e perdas. É tarefa do empreendedor a redução e a gestão de todos os riscos da forma mais adequada possível.

Empreendimentos novos e atrativos podem ser projetados para crescerem na medida em que a demanda por seus produtos aumentar.

Muitos negócios estabelecidos em forma de rede apresentam economias de rede, resultando em características reforçadas que podem levar ao surgimento de um padrão para seu setor. Adicionalmente, o projeto e desenvolvimento do produto focado nos detalhes concretos que compõem o novo produto, podem adicionar valor significativo ao produto oferecido ao cliente. Freqüentemente, um novo empreendimento pode desenvolver um produto que é uma aplicação perturbadora, capaz de revolucionar um ramo de negócios.

RISCO E INCERTEZA

A maioria das pessoas, talvez quase todas, tem aversão aos riscos ou tenta evitá-los. Logicamente, um empreendedor procura evitar ou reduzir os riscos de uma ação.

A habilidade de escolher de forma adequada os riscos que menos afetam o empreendimento é uma forma de capital humano baseada na experiência e no bom discernimento [Davis e Meyer, 2000]. De fato, a maioria das empresas empreendedoras de sucesso cria valor assumindo riscos calculados e possui a competência essencial para mitigar e gerenciar estes riscos. O importante na vida é a gestão dos riscos, não sua eliminação.

Tabela 6.1 Quatro níveis de incerteza.

Nível de incerteza Nível de risco Exemplo
  1. Um resultado claro e único.
Muito Baixo Comprar títulos do tesouro.
  1. Um conjunto limitado de resultados possíveis.
Baixo Montar uma barraca para venda de produtos esportivos nas olimpíadas.
  1. Um grande conjunto de possíveis resultados futuros.
Médio Lançar um produto aperfeiçoado em um mercado novo.
  1. Uma gama ilimitada de resultados possíveis
Alto Fundar uma empresa para tentar desenvolver e vender uma fonte de energia revolucionária baseada na descoberta de uma célula de combustível.

O empreendedor é, na maioria das vezes, um gestor de investimentos que escolhe continuar com as oportunidades selecionadas e não outras.

A prática do empreendedorismo no reino das oportunidades é muito semelhante àquela dos investidores financeiros no mercado de ações [Stenberg, O’Hara e Lubart, 1997]. Eles buscam oportunidades com o nível de risco esperado e tentam “comprar na baixa e vender na alta”. Comprar na baixa significa buscar idéias que não são largamente conhecidas ou estão fora de moda. Vender na alta significa encontrar um financiador para um empreendimento de sucesso, convencendo-o de que seu valor produzirá um retorno significativo e de que é tempo de colher algum frutos das riquezas que já foram criadas. Em qualquer investimento, “investir em um negócio que você conhece” é um ótimo princípio. Assim, buscar a expectativa do poder da fusão deve ser deixado para aqueles poucos que conhecem e compreendem as oportunidades muito grandes, mas de alto risco. O empreendedor-investidor deve assumir o risco do empreendimento e estar propenso a assumir maiores riscos com o conhecimento de poder administrá-los ou mitigá-los.

O empreendedor-investidor deve considerar o conceito de tolerância à perda, que definimos como a quantidade de perda que uma pessoa pode tolerar. Assim, o empreendedor deve avaliar seu nível de tolerância e de aceitação de perdas e limitar seus investimentos em qualquer empreendimento de risco.

O valor ajustado ao risco de um empreendimento, V, é:

V = U – LR

Onde, U=Upside, L=constante de risco ajustado, usualmente maior do que 1 e R=downside ou tolerância à perda. Quanto maior o valor de L maior a aversão ao risco do empreendedor. Uma pessoa é neutra com L=1, mas tem grande aversão ao risco com L=2 [Dembo e Freeman, 1998].

A resposta estratégica à incerteza é construir o empreendimento em estágios, reservando-se o direito de ajustar suas competências essenciais e suas estratégias antes de seguir para o próximo estágio.

As técnicas de planejamento por cenário podem ser úteis para determinar estratégias sob condições de incerteza.

Os riscos refletem o grau de incerteza e a perda potencial associados aos resultados, que podem acompanhar uma ação ou um conjunto de ações. O risco consiste de dois elementos: a significância das perdas potenciais e a incerteza dessas perdas. Na maioria dos novos empreendimentos eles são representados pela significância ou tamanho das perdas potenciais, acaso, e pela incerteza estimada pelo novo empreendedor de risco e seus investidores. Uma boa medida do risco é:

Risco = acaso x incerteza

O Acaso, A, é o tamanho das perdas potenciais conforme percepção pela equipe empreendedora. O acaso é a perda de investimento do empreendedor (Custo de Oportunidade, CO), mais o investimento financeiro, I, que ele necessita realizar. Portanto,

Risco = (I + CO) x IC

A incerteza, IC, é medida pela inconstância dos resultados antecipados, que pode ser descrita pela estimativa da probabilidade de perda (fracasso).


continua no próximo post ….