Reportagem da HSM sobre como o coaching é fundamental nas empresas.

As mudanças do mundo globalizado e a necessidade de se reinventar no mundo dos negócios estão impondo para as organizações um desenvolvimento rápido e contínuo. Mas, para conseguir caminhar a passos largos, criatividade e um bom negócio não são suficientes. De acordo com os executivos consultados nesta reportagem, o elemento que tem sido usado de forma estratégica pelas empresas para alavancar resultados tem sido o coaching.

De acordo com a diretora geral da Weigel Coaching, Jaqueline Weigel, as maiores escolas de negócio estão incluindo coaching em seus programas de desenvolvimento de lideranças. Isto porque muitos executivos reconhecem áreas em que são mais fracos, mas não sabem o que podem fazer a respeito ou como fazer. “Um coach ajuda a formatar ideias, discutir soluções, avaliar opções e oferecem suporte no processo de mudança”, explica Weigel.

Para a executiva, existem três linhas de pensamento sobre a atuação do  coaching:

1. Construcionista: foco no que se quer construir.
2. Psicologia Positiva: análise do que se faz bem e pode ser aplicada em outras áreas ou ser potencializada.
3. Behaviorista: como precisa se comportar e o que precisa fazer para conquistar o que deseja e superar seus obstáculos.

O consultor Andrej Vasle, que trabalha na área de coaching com executivos, empresários e esportistas, avalia que o modelo europeu de coaching é mais focado em descobrir e trabalhar os “pontos a melhorar”, enquanto os americanos focam em identificar aquilo que se faz bem, para potencializar. “Minha percepção é de que tanto na maioria dos países quanto no Brasil fica mais fácil trabalhar os pontos a melhorar, mas tenho certeza de que vale fazer um esforço para potencializar os pontos fortes também”, pontua.

No Brasil, as discussões sobre o que é coaching e formas de transformar este investimento em capital humano em algo tangível para a organização ainda são grandes. O senior partner da Alliance Coaching, Pablo Aversa, acredita que o cenário brasileiro é positivo, uma vez que as empresas entendem o coaching como uma ferramenta aliada estrategicamente à política de recursos humanos para transformar a cultura e valorizar comportamentos que aceleram o crescimento das organizações dentro de seu segmento de atuação.

“Existe um varejista, que está fazendo um trabalho de coaching. Ao analisar a empresa há três anos, é impressionante como evoluiu em termos de liderança e a própria cultura. O coaching individual puxa as pessoas para elas serem as melhores pessoas que podem ser. Já o coaching estratégico puxa as empresas para ser o melhor que elas podem ser”, conta Aversa.

Elementos chave de sucesso do coaching

Já existe a premissa básica de que coaching não pode ser tratado de forma informal dentro da organização. Segundo Aversa, algumas companhias usam o coaching de forma tática e exploram pouco da sua capacidade transformadora.

“Se um executivo tem um problema de relacionamento pontual, a empresa contrata uma consultoria. Isto é eficaz ao que se propõem, mas recomendo usar o coaching para mudar e desenvolver comportamentos fundamentais para alcançar resultados, de forma mais estratégica”, posiciona-se.

Para Vasle, uma estratégia de sucesso de coaching está embasada em três pilares:

1. Responsabilidade: durante o processo de coaching, as pessoas provavelmente escutarão perguntas e fatos que saem da zona de conforto. “É preciso ter responsabilidade para ter uma ação, depois de adquirir os conhecimentos. Só desta forma o coaching traz resultados”, diz Vasle.

2. Direção: o processo de coaching ajuda a atingir os objetivos com mais facilidade. Para determinar a direção do coaching e atingir os resultados desejados, é preciso conhecer o plano corporativo, política e os processos. “Desta maneira podemos preparar um plano de trabalho mensurável e atingível”, complementa o consultor.

3. Ação: a ação é a chave do resultado. “Uma grande multinacional americana fez uma pesquisa poucos anos atrás e descobriu que depois de fazer o treinamento, ao decorrer de um ano, quase 90% de conhecimento fica perdido porque as pessoas ‘esquecem’ de aplicar os conhecimentos na prática. E aqui vem um dos papeis do coaching: ajudar a tomar a ação”, pontua Vasle.

A executiva Jaqueline Weigel acredita que para uma estratégia de coaching ter resultados positivos é preciso que todos os envolvidos entendam como funciona o processo, qual é o papel e a área de atuação do coach.

Além disso, é interessante que o coach não enxergue apenas o óbvio, com uma visão mecânica e soluções superficiais. “Uma intervenção de coaching numa organização precisa partir de uma base de entendimento psicológico (que não tem nada a ver com psicoterapia) e experiência empresarial. Sem isso, o coach poderá trazer mais problemas que soluções”, pondera.

Resultados

Para Jaqueline, uma estrutura de coaching traz consciência, poder de mudança e de solução, crescimento, distribuição de responsabilidades, reflexão sobre novas maneiras de agir e trabalhar, credibilidade, direção e engajamento. “Pessoas sentem-se apoiadas, líderes encorajados a se desenvolver, RHs encontram apoio ou reforço e a alta direção mais eficácia com menos desperdício”, completa.

Mas para isso, é preciso que o programa de coaching esteja totalmente associado à estratégia do negócio. “O alto executivo precisa entender a importância e se envolver diretamente com os programas. Precisa aprender esta linguagem para que no futuro todos sejam capazes de desenvolver seus liderados, iguais e até superiores. Isto é cultura de coaching”, pontua Jaqueline.

De acordo com Aversa, o coaching traz resultados tangíveis e intangíveis. Mas a chave para mensurar os benefícios e resultados está atrelada ao que a organização tem como objetivo ao criar um programa de coaching. “A empresa tem que ter clareza em seu propósito. De qualquer forma, num processo de coaching 360º, você pode avaliar times e mensurar a evolução individual nas competências”, conclui.